quinta-feira, 20 de março de 2014

A Educação Inclusiva Bilíngue dos Surdos

Autor: Cíntia Oliveira
Data: 18/10/2010
Resumo
Na educação, o meio social e a realidade do educando são uns dos aspectos determinantes no processo de aprendizagem. E neste meio social estão incluídas as pessoas com necessidades educacionais especiais - dentre estas os surdos. A educação, portanto, precisa estar sempre se atualizando para garantir o diálogo com a realidade. Esta temática justifica-se em meu Trabalho de Conclusão de Curso pela questão de que a inclusão escolar constar na realidade atual do mundo "globalizado", nos documentos da política educacional e na literatura pedagógica. E a partir do levantamento bibliográfico, fazendo ponte com a realidade e as necessidades dos PNEE s, surgem questões como: por que a educação inclusiva bilíngue? Durante o trabalho procura-se responder a esta questão, dentre outras.
Introdução
A linguagem tem um papel relevante no desenvolvimento cognitivo e intelectual do indivíduo. É através da linguagem que se troca informações e experiências, é quando ocorre a interação. Na sociedade de hoje a comunicação não ocorre mais oralmente, somente. Por isso a importância da educação bilíngüe, que visa uma educação para a sociedade juntamente valorizando a cultura e a linguagem dos diferentes educandos. Porém, a escola fornece a educação bilíngue aos surdos?
A educação forma sujeitos para a sociedade, por isso é importante a educação sempre se atualizar e se adaptar a realidade do aluno, para que se possa atender às necessidades destes. Sendo assim, a educação bilíngue é de suma importância para a comunicação entre surdos, ouvintes e o mundo.
O Decorrer da Educação Inclusiva na Sociedade Mundial e Brasileira
Na sociedade atual há diferentes sujeitos, culturas, linguagens e necessidades. E o papel da educação escolar é interligar as diferenças, não só como forma de preparar o educando para a sociedade das diferenças, mas como reflexo desta sociedade também. Hoje há a "inclusão social", que visa o respeito e adaptação às pessoas com necessidades educacionais especiais e destas à sociedade em que vivem. Porém, a história da educação inclusiva mostra a lentidão para se chegar a respeitar os PNEEs, em especial, neste artigo, os surdos.
Durante a história da humanidade, os surdos eram excluídos da sociedade, pois eram vistos como irracionais, não educáveis, não cidadãos e eram privados de qualquer instrução. Somente em 1712-1789 é que surgiu, na França, a primeira escola para crianças surdas, onde foi utilizada a língua de sinais como objetivo de dar acesso à educação. Porém, o reconhecimento dos surdos como cidadãos não ocorreu de forma rápida. Até o século XX, na década de 40, com Hitler, havia extermínio, dentre diversos fatores, dos deficientes físicos e/ou mental em busca de uma raça "pura" e "perfeita".
No Brasil, a primeira instituição especializada para surdos surge em 1857, a convite do Imperador D. Pedro II, com a criação do Instituto Nacional dos Surdos, o INES.
Os estudos sobre os PNEEs iniciaram-se na área da medicina, no final do século XVI, na Europa, saindo a influência da Igreja. Logo o foco começa a se transformar em um estudo médico-pedagógico. O precursor deste estudo é Itard, que se baseou em recuperar e educar Víctor de Aveyron, um menino selvagem criado em floresta, sem contato com o ser humano ? supostamente deficiente mental.
Portanto, ao se falar em educação dos surdos (e dos diferentes PNEEs) tem-se por base a educação especial, que visa o assistencialismo, primeiramente com deficiências sensoriais, surdo e cego. Com o decorrer do tempo é que se chega à educação inclusiva , que visa o respeito às diferenças através da interação e adaptação às necessidades.
Ao se falar em Educação Inclusiva é pertinente abordar Vygotsky (1989), um psicólogo sócio-interacionista. Este aborda que os "deficientes" podem se beneficiar do processo de ensino e aprendizagem assim como os demais, porém precisam ser corretamente estimulados. Ele ressalta em seus estudos que os métodos psicológicos utilizados para avaliar um PNEE eram quantitativos, focando no defeito ao invés da capacidade do aluno. A partir deste pensamento, ele abriu estudos para a redefinição do papel da escola.
Portanto, ao se falar em educação dos surdos nas escolas regulares, é de vital importância falar do bilinguismo, pois dará acesso a Libras pelo aluno surdo, utilizando de sua cultura  e linguagem na educação escolar, gerando estímulo no processo de ensino e aprendizagem. Além de manter o acesso à Língua Portuguesa, tão importante também para o surdo que está inserido numa sociedade de ouvintes e que utilizam tal idioma. Assim, é ressaltada a interação social, trocando experiências, informações que fazem parte da formação do sujeito.
Considerações Finais
De acordo com o decorrer da história do surdo na sociedade mundial e brasileira, hoje se têm um grande avanço no papel do surdo na sociedade e sua valorização social. Um exemplo disso é a Declaração de Salamanca (1994), que visa uma educação para todos, destacando em seus escritos a crença da importância do direito à educação na escola regular, pois as crianças têm interesses, habilidades e necessidades diferentes e únicas (Salamanca). Logo após, em 1996, a LDB 9.394 traz um capítulo (V) dedicado a educação especial, para reaver certos direitos dos PNEEs. Apesar de ser mencionada a educação especial na LDB 9.394/96, o qual não é meu foco de pesquisa,  abordada em um de seus artigos a "efetiva integração na vida em sociedade" (Art. 59), por isso o atendimento preferencialmente na rede regular de ensino.
Pôde ser realizado pesquisa de campo em 3 instituições de ensino diferentes, no INES, em uma instituição particular inclusiva e instituição pública inclusiva. Destas foi possível comprovar a importância do bilinguismo (Libras+Língua Portuguesa) em classe regular inclusiva, pois estimula o aluno a aprender com acesso à sua linguagem e cultura. Portanto, apesar de ainda não haver uma integração ideal, a educação inclusiva é um desafio que está sendo vencido, aos poucos, para o benefício de todos os educandos.
Referências Bibliográficas:
BRASIL. Congresso Nacional. Lei Diretrizes e Bases da Educação. Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996.
http://coralx.ufsm.br/revce/2006/02/a15.htm
Secretaria Estadual de Educação, Histórico da Educação Brasileira, Paraná.
UNESCO. "Declaração de Salamanca" e "Linha de ação sobre necessidades educativas especiais". Brasília, Corde, 1996.
VYGOTSKY, L. S. Fundamentos de Defectologia, Obras Completas Tomo 5 ? Havana: Pueblo y Educación, 1989.

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