quinta-feira, 20 de março de 2014

Deficiência Auditiva

Autor: Laís Ferraz Teixeira Ávila, Morgana Bica Szadkoski, Mara Nieckel da Costa
Data: 12/01/2009
Resumo: O presente artigo tem como proposta trazer temas questionadores e atuais com relação à Deficiência auditiva. Através deste poderão ser sanadas dúvidas com relação à surdez em si, porém será dada maior ênfase à questão envolvida nos aspectos educacionais das pessoas com essa deficiência. Serão expostas formas de minimizar as dificuldades encontradas pelos professores ao lidar com alunos portadores de Necessidades Especiais e também sugestões de como identificar, nesse caso, a deficiência auditiva. Simplesmente falar sobre educação inclusiva é muito fácil, em um contexto que mostra inúmeras diferenças em vários aspectos, sabe-se  os professores e a sociedade em geral não estão realmente preparados para receber essas pessoas em seu ambiente profissional, educacional e até mesmo social.
Palavras-chave: Deficiência auditiva, inclusão escolar, LIBRAS.
Introdução
Deficiência auditiva é o nome usado para indicar perda de audição ou diminuição na capacidade de escutar os sons. Qualquer problema que ocorra em alguma das partes do ouvido pode levar a uma deficiência na audição.
São inúmeras as formas de identificação de uma criança com deficiência auditiva, cada uma delas de acordo com a idade de cada indivíduo.
Para que aconteça uma boa inclusão escolar do educando é necessário que haja uma cumplicidade entre professor e aluno. É também preciso que o professor esteja em constante atualização, reconhecendo as necessidades de desenvolver métodos de conversação com o aluno, de acordo com seu grau de entendimento, seja ele visual ou auditivo.
Porém, apesar das muitas tentativas do professor, na maioria das vezes o aluno com deficiência auditiva necessita de atendimento em salas de recursos em turno inverso ao da aula. Nessas salas o educando irá desenvolver suas habilidades com auxílio de profissionais da saúde e professores especializados, pois em alguns casos um só professor pode "não dar conta" das necessidades do seu aluno.
Ao receber um aluno com necessidades especiais, o professor provavelmente se sentirá inseguro e com muitas dúvidas. O recomendável para que essas interrogações desapareçam, que se procure informações sobre a criança em seu ambiente familiar, com outros setores da escola e até mesmo com a simples observação de comportamentos do aluno.
Os colegas de turma também sentirão diferença ao conviver com essa criança, por isso é muito importante que haja uma prévia preparação desses alunos. Fazer brincadeiras em que toda a turma fique sem ouvir é interessante, pois assim perceberão quão delicada é a situação do novo colega.
Para servir de auxílio à deficiência auditiva, foi criada a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), que se constitui em uma junção de gestos para expressar certa idéia.
Desenvolvimento
A deficiência auditiva consiste na perda da percepção normal dos sons. Verifica-se a existência de vários tipos de pessoas com surdez, de acordo com os diferentes graus de perda da audição.
Como identificar uma criança com deficiência auditiva?
Do nascimento aos doze meses de idade
  • Não reage a um forte bater de palmas;
  • Não procura, com os olhos, de onde vem o som;
  • Não responde à fala dos pais;
  • Não atende quando é chamada pelo nome;
  • Não entende frases simples;
  • Não aponta aos objetos quando é interrogada;
  • Não imita sons.
Dos doze meses aos cinco anos de idade:
  • Reage quando é chamada pelo nome, desde que veja quem está falando;
  • Obedece e começa a se comunicar por meio da linguagem de sinais;
  • Não há enriquecimento vocabular;
  • Não gosta de ouvir histórias;
  • Tem dores de cabeça e infecções nos ouvidos;
  • Parece desobediente à ordens dadas em linguagem oral;
  • Não localiza a direção do som
  • Observa intensamente o rosto dos pais quando falam;
Com mais de cinco anos de idade:
  • Tem dificuldades em prestar atenção a conversas em língua portuguesa oral;
  • Não responde quando é chamada oralmente;
  • Confunde direções ou não as entende;
  • Não se desenvolve bem na escola;
  • Possui vocabulário pobre em língua portuguesa oral;
  • Evita pessoas, brinca sozinha;
  • Tem freqüentes resfriados e dor de ouvido.
A inclusão escolar do deficiente auditivo
"...a questão da inclusão social abre um significado especial no bojo da educação brasileira, com os pressupostos inclusivistas que nos últimos anos estão sendo discutidos por suas características que permeiam a busca de uma sociedade igualitária, nos moldes das reais necessidades de uma clientela, cada vez mais exigente, quanto aos seus direitos e seus potenciais de realizações, que tem por finalidade a busca não apenas se auto gerir, como também colocar o sujeito dentro do contexto escolar regular, e sobretudo buscar soluções, com a participação de todos em busca de uma educação com qualidade" (Inácio, Wederson Honorato)
A afeição, a emoção, o carinho e a amizade entre o professor e a criança com surdez são componentes essenciais e fundamentais nas atividades de conversação e diálogo, isto é, na interação.
A comunicação visual é essencial, tanto para o aprendizado da língua portuguesa oral quanto para a aquisição da linguagem de sinais.
 Para o desenvolvimento da comunicação visual ou auditiva da criança, é necessário que o professor desenvolva:
  • O uso do olhar para a pessoa que está falando;
  • O uso do apontar para o objeto somente depois de ter falado, ou seja, a criança olha primeiro para quem lhe fala e em seguida para o objeto;
  • O uso dos turnos da conversação, ou seja, esperar a própria vez de interagir, proporcionando um bom entendimento do que lhe é passado.
Para que haja uma boa comunicação visual na relação professor/aluno é necessário que:
  • O rosto do professor fique iluminado pela luz (isso não acontece, por exemplo, se ele se encontrar entre a janela e a criança);
  • O rosto da criança deve estar na mesma altura do rosto do professor (uma posição completamente errada seria o professor de pé e a criança com surdez sentada aos seus pés);
  • A posição ideal do rosto deve ser aquela semelhante a do locutor dos noticiários televisivos.
A criança com surdez que for inserida em uma classe comum do ensino regular, provavelmente irá necessitar de atendimento em outro turno, em salas de recursos para o desenvolvimento de LIBRAS, da língua portuguesa e para complementar as informações obtidas na classe comum.
A variedade de problemas enfrentados pela criança surda é tal, que muitas vezes apenas um professor pode não conseguir lhe prestar o apoio necessário. Ela poderá necessitar de profissionais da área da saúde e de professores para acompanhamento pedagógico, que poderá ser oferecido em turno inverso ao da escola regular.
Estes acompanhamentos podem acontecer em salas de recursos ou escolas especiais, num trabalho entre pedagogos, professores especializados, fonoaudiólogos e psicólogos.
O professor, ao receber um aluno com deficiência auditiva, provavelmente ficará inseguro e com muitas dúvidas. Poderão surgir perguntas como: Como é esse aluno? Como ele se comunica? Ele vai me compreender? Se eu conversar com ele me olhando, ele vai entender pela leitura facial?
Algumas dessas dúvidas podem ser esclarecidas através de conversas com a família, com profissionais da escola, com fonoaudiólogos, e também com a observação desse aluno. 
Além do conhecimento sobre o assunto: Deficiência Auditiva, o professor deve ter atitude reflexiva diante da questão, usando a sensibilidade e o bom senso na solução dos problemas que poderão surgir a partir da relação aluno/professor.
Na sala de aula o  aluno com surdez deve estar posicionado em um local onde possa enxergar o professor de frente, especialmente com seu rosto iluminado. Isso facilita a leitura facial, bem como pistas como gestos e expressões faciais e corporais.
É importante que o professor, ao receber em sua turma um aluno com deficiência auditiva, informe as outras crianças que irão receber um colega diferente.
Deve explicar-lhes que se trata de uma criança surda, que portanto, não poderá ouvi-los e nem falar com eles, mas que com o tempo encontrarão formas de interação.
Os alunos com surdez baseiam-se mais nas pistas visuais que nas auditivas. A utilização, em sala de aula, de recursos visuais facilitam a compreensão e a aprendizagem do aluno.
Além dos recursos visuais, também podem ser utilizados objetos concretos como fotos, gravuras e desenhos. Ainda podem ser utilizados línguas de sinais, mímicas e gestos que ajudem a dar sentido ao que está sendo estudado.
LIBRAS
A Língua Brasileira de Sinais foi desenvolvida a partir da língua de sinais francesa. As línguas de sinais não são universais, cada país possui a sua.
A LIBRAS possui estrutura gramatical própria. Os sinais são formados por meio da combinação de formas e de movimentos das mãos e de pontos de referência no corpo ou no espaço. 
Segundo a legislação vigente, Libras constitui um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas com deficiência auditiva do Brasil, na qual há uma forma de comunicação e expressão, de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria.
O Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005, que regulamentou a Lei 10.436/02, definiu formas institucionais para o uso e a difusão da Língua Brasileira de Sinais e da Língua Portuguesa, visando o acesso das pessoas surdas à educação. O decreto trata ainda da inclusão da Libras como disciplina curricular nos cursos de formação de professores e nos cursos de Fonoaudiologia, da formação do professor de Libras e do instrutor de Libras, da formação do tradutor e intérprete de Libras / Língua Portuguesa, da garantia do direito à educação e saúde das pessoas surdas ou com deficiência auditiva e do papel do poder público e das empresas no apoio ao uso e difusão da Libras.
Ações, Programas e Projetos/Apoio à Educação de Alunos com Surdez e com Deficiência Auditiva
Programa Interiorizando Libras: Apóia os processos de formação de professores e instrutores para atuarem juntamente com os alunos com surdez. O programa teve início no ano de 2003.
Centros de Formação de Profissionais de Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez: Tem como objetivo garantir aos sistemas de ensino profissionais habilitados para atuar com alunos surdos. Essas ações favorecem a socialização de informações sobre a educação de surdos, assim como o adequado atendimento às necessidades lingüísticas, educacionais e culturais dos alunos surdos.
Curso de Graduação em Letras / Libras - UFSC: O MEC implantou o primeiro Curso de Graduação em Letras com licenciatura em Libras, na modalidade à distância, com o objetivo de formar professores para o ensino da Língua Brasileira de Sinais.
Instituto Nacional De Educação De Surdos  (INES): É um órgão do Ministério da Educação que desenvolve a formação de profissionais para atuarem junto às pessoas com deficiência auditiva.
Distribuição de Dicionários Ilustrados Trilíngües: Com o intuito de garantir a escolarização de surdos, a SEESP distribui para as escolas públicas com alunos surdos matriculados, Dicionários Enciclopédicos Trilíngüe - Língua Brasileira de Sinais/ Língua Portuguesa/ Inglês.
Distribuição de Cd-Rom's Clássicos da Literatura em Libras/Português: O MEC distribui aos sistemas de ensino a Coleção Clássicos da Literatura em Libras/Português compostas de dez títulos paradidáticos infanto-juvenis: Alice no País das Maravilhas, Iracema, Pinóquio, Aladim, O Velho da Horta, Alienista, O Caso da Vara, A Missa do Galo, A Cartomante e O Relógio de Ouro.
Considerações finais
A deficiência auditiva é, portanto, um assunto sério e de interesse de toda a sociedade, seja em ambiente escolar ou não. As pessoas com deficiência auditiva têm o direito e devem ser inseridas normalmente na sociedade.
Como diz Wederson Honorato Inácio, a educação brasileira busca inserir seus alunos em uma sociedade igualitária. Para que isso ocorra efetivamente é preciso que os alunos com necessidades especiais sejam colocados dentro do contexto escolar regular, fazendo com que toda a comunidade escolar participe das inovações a caminho de uma educação com qualidade para todos.
É extremamente necessário que todos os setores da sociedade se empenhem em busca da qualidade e da igualdade na educação brasileira. Essa busca precisa ser iniciada dentro da escola, na mais tenra idade, para que a criança consiga exercer um bom papel na sociedade quando adulta.
É dever de todos proporcionar o bem-estar das pessoas com necessidades especiais, seja ela auditiva ou não.
No ambiente escolar cabe aos professores fazer com que os futuros cidadãos brasileiros aceitem as diferenças e convivam com elas com extrema naturalidade. Também é um dever do professor sua constante atualização e capacitação para suprir as necessidades de comunicação e formação pessoal dos alunos com deficiências.
Enfim, a inclusão social e escolar está cada vez mais presente na sociedade atual, mas, infelizmente aparece muito ainda na teoria. Cabe a cada um de nós fazer com que essa teoria se torne uma prática constante para o bem estar de todos.
Referências Bibliográficas
Portal.mec.gov.br/seesp
www.crmariocovas.sp.gov.br
Ministério da Educação - Secretaria da Educação Especial
A INCLUSÃO ESCOLAR DO DEFICIENTE AUDITIVO: CONTRIBUIÇÕES PARA O DEBATE EDUCACIONAL. por INÁCIO, Wederson Honorato.

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